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Ataque de Israel é ‘consequência da inação’, alerta enviado do Irã às Nações Unidas

14 de junho de 2025, às 09h27

Sessão especial do Conselho de Segurança da ONU sobre ataques israelenses ao Irã, em Nova York, 13 de junho de 2025 [Selçuk Acar/Agência Anadolu]

Amir Saeid Iravani, emissário do Irã nas Nações Unidas, condenou nesta sexta-feira (13) os bombardeios de Israel a instalações nucleares e zonas civis, ao caracterizá-los como “consequência direta de inação e padrão duplo” da comunidade internacional.

Iravani notou ainda cumplicidade dos Estados Unidos.

Ao Conselho de Segurança, Iravani agradeceu a Argélia, Paquistão, China e Rússia por apoiar seu chamado por uma sessão de emergência, “para tratar do ato de agressão de Israel contra a República Islâmica, em grave violação da lei internacional e da Carta das Nações Unidas”.

Ao notar o Oriente Médio como um “caldeirão de instabilidade crônica” desde a Nakba palestina de 1948, quando foi criado o Estado israelense, via limpeza étnica, enfatizou Iravani: “Este regime tem de ser desarmado de todos seus instrumentos de destruição em massa, posto sob supervisão internacional e responsabilizado”.

O embaixador destacou que a mais recente escalada não é “uma questão regional” ou “meramente um ataque a um único país”.

“Trata-se de um ataque direto à ordem internacional, um ataque ao sistema e à Carta das Nações Unidas, ao mecanismo global de não-proliferação nuclear e à autoridade da Agência Internacional de Energia Atômica [AIEA]”, reiterou Iravani.

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“A agressão foi deliberada e coordenada, com pleno apoio de um membro permanente deste Conselho, os Estados Unidos”, prosseguiu. “Não resta dúvida da cumplicidade de Washington neste ataque terrorista”.

A resposta será “firme, legal e essencial para restaurar dissuasão, defender a soberania e preservar os princípios da lei internacional”, prometeu o emissário, ao instar repúdio “nos mais fortes termos” da agressão israelense por parte do plenário.

“Israel atacou o Irã”, concluiu. “Israel violou a lei internacional e a Carta da ONU. Israel deve ser responsabilizado. Silenciar-se é ser cúmplice deste crime”.

‘Ataque injustificado’

O embaixador da Rússia nas Nações Unidas, Vassily Nebenzia, de sua parte, reafirmou que os ataques israelenses foram “injustificados”, bem como violação da Carta da ONU e da lei internacional.

“Podemos ficar com a impressão de que a liderança em Israel está convencida de que tem um cheque em branco para toda a região, que pode escapar de quaisquer normas legais e substituir todos os órgãos internacionais, como este Conselho de Segurança e a AIEA, por seus próprios arbítrios”, argumentou Nebenzia.

Para o enviado do Kremlin, “a aventura militar israelense leva toda a região à margem de uma guerra em larga escala”. Segundo seu pronunciamento, a liderança em Tel Aviv é responsável pelas consequências a seguir.

Fu Cong, embaixador da China, ressoou a condenação à operação israelense, ao indicar “violação da soberania, da segurança e da integridade territorial do Irã”. Fu manifestou sua oposição à “intensificação e expansão de conflito” e preocupação sobre “as graves consequências das operações israelenses”.

“Países com influência considerável sobre Israel devem exercer um papel construtivo”, acrescentou.

O emissário argelino Amar Bendjama observou: “Israel age como se a lei internacional não existisse ou sequer se aplicasse a ele. Israel busca semear o caso por toda a região, por todo o Oriente Médio. Este é mais um de seus atos de agressão”.

Bendjama citou ainda o “genocídio em curso diante de nossos olhos” na Faixa de Gaza: “Este é o comportamento de um Estado pária e, ainda assim, há quem pergunte qual a razão de o Oriente Médio permanecer perigosamente tão instável”.

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Asim Iftikhar Ahmad, do Paquistão, ecoou repúdio, ao denunciar “agressão ilegítima e injustificada” e prometer “firme solidariedade” ao Teerã. Iftikhar Ahmad reiterou ainda “direito de autodefesa iraniano, sob o Artigo 51 da Carta das Nações Unidas”.

Os ataques de Israel a Teerã e outras cidades, na madrugada de sexta-feira (13) foram retaliados rapidamente, em três rodadas de disparos contra Tel Aviv e outras cidades e colonatos israelenses.

A escalada coincide com o genocídio em Gaza, executado por Israel há 20 meses, com 55 mil mortos e dois milhões de desabrigados.

As ações de Israel seguem apesar de denúncia de genocídio deferida há 18 meses pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), órgão ligado à ONU com sede em Haia.

O regime israelense sofreu também condenações de diversos países e da Assembleia Geral das Nações Unidas. Todavia, desfruta do apoio americano nos respectivos fóruns da arena internacional.

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