Amir Saeid Iravani, emissário do Irã nas Nações Unidas, condenou nesta sexta-feira (13) os bombardeios de Israel a instalações nucleares e zonas civis, ao caracterizá-los como “consequência direta de inação e padrão duplo” da comunidade internacional.
Iravani notou ainda cumplicidade dos Estados Unidos.
Ao Conselho de Segurança, Iravani agradeceu a Argélia, Paquistão, China e Rússia por apoiar seu chamado por uma sessão de emergência, “para tratar do ato de agressão de Israel contra a República Islâmica, em grave violação da lei internacional e da Carta das Nações Unidas”.
Ao notar o Oriente Médio como um “caldeirão de instabilidade crônica” desde a Nakba palestina de 1948, quando foi criado o Estado israelense, via limpeza étnica, enfatizou Iravani: “Este regime tem de ser desarmado de todos seus instrumentos de destruição em massa, posto sob supervisão internacional e responsabilizado”.
O embaixador destacou que a mais recente escalada não é “uma questão regional” ou “meramente um ataque a um único país”.
“Trata-se de um ataque direto à ordem internacional, um ataque ao sistema e à Carta das Nações Unidas, ao mecanismo global de não-proliferação nuclear e à autoridade da Agência Internacional de Energia Atômica [AIEA]”, reiterou Iravani.
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“A agressão foi deliberada e coordenada, com pleno apoio de um membro permanente deste Conselho, os Estados Unidos”, prosseguiu. “Não resta dúvida da cumplicidade de Washington neste ataque terrorista”.
A resposta será “firme, legal e essencial para restaurar dissuasão, defender a soberania e preservar os princípios da lei internacional”, prometeu o emissário, ao instar repúdio “nos mais fortes termos” da agressão israelense por parte do plenário.
“Israel atacou o Irã”, concluiu. “Israel violou a lei internacional e a Carta da ONU. Israel deve ser responsabilizado. Silenciar-se é ser cúmplice deste crime”.
‘Ataque injustificado’
O embaixador da Rússia nas Nações Unidas, Vassily Nebenzia, de sua parte, reafirmou que os ataques israelenses foram “injustificados”, bem como violação da Carta da ONU e da lei internacional.
“Podemos ficar com a impressão de que a liderança em Israel está convencida de que tem um cheque em branco para toda a região, que pode escapar de quaisquer normas legais e substituir todos os órgãos internacionais, como este Conselho de Segurança e a AIEA, por seus próprios arbítrios”, argumentou Nebenzia.
Para o enviado do Kremlin, “a aventura militar israelense leva toda a região à margem de uma guerra em larga escala”. Segundo seu pronunciamento, a liderança em Tel Aviv é responsável pelas consequências a seguir.
Fu Cong, embaixador da China, ressoou a condenação à operação israelense, ao indicar “violação da soberania, da segurança e da integridade territorial do Irã”. Fu manifestou sua oposição à “intensificação e expansão de conflito” e preocupação sobre “as graves consequências das operações israelenses”.
“Países com influência considerável sobre Israel devem exercer um papel construtivo”, acrescentou.
O emissário argelino Amar Bendjama observou: “Israel age como se a lei internacional não existisse ou sequer se aplicasse a ele. Israel busca semear o caso por toda a região, por todo o Oriente Médio. Este é mais um de seus atos de agressão”.
Bendjama citou ainda o “genocídio em curso diante de nossos olhos” na Faixa de Gaza: “Este é o comportamento de um Estado pária e, ainda assim, há quem pergunte qual a razão de o Oriente Médio permanecer perigosamente tão instável”.
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Asim Iftikhar Ahmad, do Paquistão, ecoou repúdio, ao denunciar “agressão ilegítima e injustificada” e prometer “firme solidariedade” ao Teerã. Iftikhar Ahmad reiterou ainda “direito de autodefesa iraniano, sob o Artigo 51 da Carta das Nações Unidas”.
Os ataques de Israel a Teerã e outras cidades, na madrugada de sexta-feira (13) foram retaliados rapidamente, em três rodadas de disparos contra Tel Aviv e outras cidades e colonatos israelenses.
A escalada coincide com o genocídio em Gaza, executado por Israel há 20 meses, com 55 mil mortos e dois milhões de desabrigados.
As ações de Israel seguem apesar de denúncia de genocídio deferida há 18 meses pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), órgão ligado à ONU com sede em Haia.
O regime israelense sofreu também condenações de diversos países e da Assembleia Geral das Nações Unidas. Todavia, desfruta do apoio americano nos respectivos fóruns da arena internacional.
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