Zaher Birawi, presidente do Comitê Internacional pelo Fim do Cerco a Gaza e membro-fundador da Coalizão da Flotilha da Liberdade, contestou, em nota, o que caracterizou como “recente campanha de difamação” contra ele e colegas, incluindo tripulantes do barco Madleen, sequestrados por Israel, na imprensa britânica.
Reportagens de redes sionistas ou da mídia corporativa chegaram a descrever Birawi, cidadão anglo-palestino, como “agente do Hamas”.
“Rejeito categoricamente as alegações infundadas e difamatórias de que eu pertenço a qualquer partido político ou organização na Palestina”, destacou Birawi. “Tais alegações são absolutamente fabricadas, sem sequer um fio de evidência, e formam um esforço cínico e coordenado — frequentemente incubado nas instituições políticas de Israel e ecoado cegamente por segmentos da mídia britânica — para caluniar quem manifeste solidariedade para com o povo palestino”.
A campanha, reiterou Birawi, não se resumiu a ele, mas avançou contra a “legitimidade de um movimento global que demanda justiça para a Palestina”.
“Trata-se de parte de uma estratégia de longuíssima data para silenciar a dissidência e desacreditar todos aqueles que ousem expor o genocídio em curso realizado por Israel, bem como sua ocupação militar e seu regime de apartheid”, acrescentou.
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Os ataques midiáticos contra Birawi, no entanto, não são novidade. Em 2021, seu nome foi retirado da base de dados World-Check, de “pessoas expostas politicamente”, após acusações falsas de ligação com o terrorismo.
Birawi processou a instituição responsável, condenada a indenizá-lo.
Embora reconheça ataques a sua reputação, para o ativista, a atual campanha de mídia tem como intuito “atacar e desmantelar o impulso coletivo de solidariedade e conter o crescimento de uma resistência popular unificada e internacional contra a ocupação, o genocídio e o apartheid”.
“Nenhum desses ataques será capaz de nos intimidar, silenciar ou dissuadir ações em apoio ao povo da Palestina ocupada, em busca de sua libertação e do estabelecimento de seu Estado independente em sua terra nativa”, advertiu Birawi.
O ativista observou ainda que pretende buscar denúncias legais contra as organizações de imprensa que aderiram à campanha de difamação.
Nesta semana, a invasão do barco Madleen por comandos israelenses e o sequestro de seus tripulantes — incluindo a ativista sueca Greta Thunberg, a eurodeputada sa Rima Hassan e o brasileiro Thiago Ávila — renovaram apelos pelo fim do genocídio e do cerco imposto por Israel.
Em Gaza, são 55 mil mortos e dois milhões de desabrigados sob catástrofe de fome em mais de 600 dias.
Sob pressão de diplomacia e relações públicas, para além de crise interna, o regime do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu reagiu à conjuntura com ataques ao Irã, fomentando apreensões de expansão da guerra.
Netanyahu — além de seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant — é foragido em mais de 120 países, sob mandado de prisão emitido em novembro ado pelo Tribunal Penal Internacional, em Haia, por crimes de guerra e lesa-humanidade.