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Israel retalia greve de fome e põe Thiago Ávila na solitária, reporta Adalah

11 de junho de 2025, às 13h46

Milhares protestam contra o sequestro ilegal da embarcação humanitária Madleen, por forças da ocupação israelense, em águas internacionais, em Paris, na França, em 9 de junho de 2025 [Luc Auffret/Agência Anadolu]

O Estado da ocupação israelense colocou o cidadão brasileiro Thiago Ávila, sequestrado em águas internacionais a bordo do barco humanitário Madleen, rumo a Gaza, em uma cela solitária, reportou sua advogada à família na manhã desta quarta-feira (11).

Segundo a equipe incumbida do caso de Thiago, do Centro Legal Adalah, que trata dos direitos dos prisioneiros políticos do regime israelense, o ativista brasileiro foi separado de seus sete colegas ainda em custódia e levado à solitária.

 

De acordo com as informações, agentes coloniais ameaçaram isolá-lo por sete dias, em “um cela escura, pequena e sem ar”, em nova violação do regime de exceção instituído em terras palestinas históricas.

Israel mantém como reféns oito dos 12 voluntários da Flotilha da Liberdade, após seus agentes atacarem o Madleen em alto-mar na segunda-feira (9) às 3h00 do horário do Cairo (21h de domingo em Brasília).

Rima Hassan, cidadã palestino-sa e deputada eleita da União Europeia, também foi enviada à solitária pelas autoridades israelenses, posta em “condições desumanas”, após sofrer ameaças de violência, alertou a Adalah.

O Madleen foi rebocado ao porto israelense de Ashdod. Sua carga — alimentos, água, medicamentos e fórmula para bebês e crianças — foi ilegalmente apreendida.

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Entre os detidos, esteve a ativista sueca Greta Thunberg, deportada de Tel Aviv a Paris nesta terça-feira (10). Para Greta, no entanto: “Não vamos desistir. Este definitivamente não é o fim”.

A ação israelense contra a embarcação Madleen constitui pirataria e crime de guerra, que se soma às violações em Gaza, sob cerco absoluto renovado desde março, junto de bombardeios indiscriminados contra todo o enclave. 

Thiago está em seu terceiro dia de greve de fome por sua libertação e em solidariedade aos mais de dez mil presos políticos palestinos em custódia de Israel, em condições de assédio, tortura, negligência médica e mesmo violência sexual.

Ativistas no Brasil pressionam por uma postura proativa do governo do presidente Luíz Inácio Lula da Silva, em defesa de seu cidadão.

Nesta terça, o Ministério de Relações Exteriores do Brasil (Itamaraty) buscou atualizar o caso em comunicado à imprensa, ao alegar “acompanhar com atenção a atual situação do nacional Thiago Ávila”.

Conforme a pasta, sob comando do diplomata Mauro Vieira, embaixadas brasileiras na região continuam em alerta, “com vista à célere prestação de assistência consular, caso necessário”.

A chancelaria notou contato com a família, incluindo encontro com Lara Souza, esposa de Thiago, junto das deputadas federais Erika Kokay e Natália Bonavides — ambas do Partido dos Trabalhadores (PT) — e do deputado distrital Fábio Félix (PSOL).

A conjuntura reacendeu apelos para que o governo Lula rompa relações com Israel, ao seguir os os os os de Bolívia, Colômbia, África do Sul, entre outros.

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Na semana ada, Lula se mostrou comovido ao reconhecer novamente o “genocídio premeditado” em Gaza, em evento em Paris, ao lado do presidente francês Emmanuel Macron. No entanto, não anunciou ações até então.

Neste domingo (15), o Brasil se une à Marcha Global para Gaza, com atos previstos em todo o país. Em São Paulo, a concentração ocorre na Praça Roosevelt, às 11 horas, com o mote “Basta de genocídio na Palestina! Lula, rompa com Israel, já!”.

No mesmo dia, a caravana homônima, com 50 mil pessoas, dentre as quais brasileiros, deve se aproximar do lado egípcio da fronteira de Rafah, no extremo sul de Gaza, a fim de romper o cerco ilegal imposto por Israel.

Israel mantém fechamento absoluto de Gaza há ao menos três meses, à medida que os 2.4 milhões de palestinos no enclave vivem uma catástrofe de fome segundo copiosos alertas internacionais.

O genocídio israelense — assim investigado pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia — deixou 55 mil mortos até então, sobretudo mulheres e crianças.

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