clear

Criando novas perspectivas desde 2019

Israel rejeitou 11 dos 18 pedidos de coordenação humanitária em Gaza, alerta ONU

11 de junho de 2025, às 13h54

Palestinos aguardam refeições distribuídas por organizações humanitárias, sob ataques israelenses, no campo de refugiados de Nuseirat, em Deir al-Balah, Gaza, 4 de junho de 2025 [Moiz Salhi/Agência Anadolu]

A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou nesta terça-feira (10) que autoridades israelenses rejeitaram ao menos 11 de seus 18 pedidos de coordenação humanitária a Gaza, à medida que a situação no enclave se deteriora.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

“Autoridades de Israel continuam a negar muitas das movimentações humanitárias em Gaza, para que forneçam quaisquer serviços, mesmo que limitados, à população”, disse Farhan Haq, porta-voz da ONU, em coletiva de imprensa.

Entre os apelos indeferidos, comentou Haq, estão tentativas de levar caminhões-pipa à população carente, recuperar insumos combustíveis, realizar ao menos uma missão de resgate em Khan Yunis e reparar algumas das estradas.

Ao mencionar dados do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), Haq alertou que mais de dois milhões de pessoas em Gaza estão carentes de insumos básicos, em meio às contínuas operações de Israel.

LEIA: Israel mata 51 palestinos em Gaza, incluindo dezenas à espera de alimentos

“No norte de Gaza, ações do exército israelense se intensificaram nos últimos dias, com baixas massivas”, acrescentou. “Pessoas famintas e deslocadas também foram mortas, segundo os relatos, ao arriscarem suas vidas por alimentos em centros de distribuição militarizados”.

Desde 27 de maio, Israel mantém mecanismos de distribuição limitada de recursos via chamada Fundação Humanitária de Gaza (GHF) — iniciativa com apoio de Washington que tresa sistemas estabelecidos das Nações Unidas.

Para palestinos e observadores, trata-se de um esforço para isolar e deslocar à força as comunidades do norte ao sul do território, com propósito de limpeza étnica.

Desde 2 de março, forças israelenses impedem o fluxo assistencial nas fronteiras, salvo um número de caminhões descrito por analistas como “uma gota no oceano”. Alertas apontam, porém, urgência de 500 caminhões por dia para suprir necessidades básicas.

Israel mantém seu genocídio em Gaza desde outubro de 2023, com 55 mil mortos, 130 mil feridos e dois milhões de desabrigados sob fome catastrófica. A maioria das vítimas são mulheres e crianças.

Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, deferiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade em Gaza.

O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.

LEIA: Shin Bet arma milícias e traficantes em Gaza, confirma imprensa de Israel