O Ministério de Relações Exteriores da Espanha convocou o diplomata-chefe israelense em Madrid para repreendê-lo e reivindicar esclarecimentos sobre a interceptação ilegal do barco Madleen, da Flotilha da Liberdade, rumo a Gaza, em águas internacionais, na madrugada desta segunda-feira (9).
A chancelaria confirmou ao jornal El País e à emissora Cadenar Ser ter convocado Dan Poraz, encarregado de negócios da embaixada israelense, após a operação, incluindo o sequestro dos tripulantes — incluindo o cidadão espanhol Sergio Toribio.
“O ministério está em contato com nosso cidadão envolvido no incidente, bem como a sua família e nossos homólogos em Israel, além de prover assistência consular”, insistiu a pasta, sem detalhes.
Poraz é o maior diplomata israelense na Espanha desde que a retirada do embaixador pelas críticas do governo à ocupação e às violações israelenses em Gaza, assim como o reconhecimento espanhol de um Estado palestino.
É a segunda vez em três semanas que Poraz é convocado a esclarecimentos.
Em 21 de maio, a pasta espanhola protestou contra disparos de Israel a uma delegação diplomática internacional na Cisjordânia ocupada, incluindo um membro do consulado espanhol em Jerusalém.
O Madleen deixou Catânia, na Sicília, em 1º de junho, com intuito de romper o cerco e levar comida, medicamentos e fórmula para bebês e crianças a Gaza.
A tripulação conta com 11 ativistas e o correspondente da Al Jazeera Omar Faiad. Entre os detidos, estão o brasileiro Thiago Ávila e a sueca Greta Thunberg, além de Yasemin Acar (Alemanha), Rima Hassan, Baptiste Andre, Pascal Maurieras, Yanis Mhamdi e Reva Viard (França), Suayb Ordu (Turquia) e Marco van Rennes (Holanda).
De sua parte, Ministério de Relações Internacionais do Brasil (Itamaraty) emitiu uma nota para “recordar o princípio da liberdade de navegação em águas internacionais” e instar a soltura dos tripulantes.
“Sublinha, ademais, a necessidade de que Israel remova imediatamente todas as restrições à entrada de ajuda humanitária em território palestino, conforme suas obrigações como potência ocupante”, ressaltou Brasília; porém, sem divulgar ações.
Israel mantém fechamento absoluto de Gaza há ao menos três meses, à medida que os 2.4 milhões de palestinos no enclave vivem uma catástrofe de fome segundo copiosos alertas internacionais.
O genocídio israelense — assim investigado pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia — deixou 55 mil mortos até então, sobretudo mulheres e crianças.
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