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Alemanha recua e promete manter envio de armas a Israel

5 de junho de 2025, às 18h03

Bandeiras de Israel e da Alemanha em Berlim [Reprodução via Getty Images]

O ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Johann Wadephul, prometeu maiores envios de armamentos ao exército de Israel nesta quarta-feira (4), às vésperas da visita de seu homólogo israelense, Gideon Saar, a Berlim, reportou a rede Anadolu.

“A Alemanha continuará a apoiar o Estado de Israel, incluindo envio de armas”, disse o ministro durante sabatina no parlamento (Bundestag). Diante de questionamentos do Partido Verde, de oposição, Wadephul alegou que a coalizão de governo — vista como de centro-direita — permanece unida em apoio a Israel.

Seu comentário contradiz alegações recentes de que o governo buscaria respeitar leis e normas internacionais e da União Europeia, diante das violações israelenses em Gaza, denunciadas como genocídio. Seu colega, Alexander Dobrindt, ministro do Interior, no entanto, defendeu a continuidade das exportações.

Questionado sobre quais práticas poderiam impactar a política alemã de exportação de armas, Wadephul referiu a matéria ao Conselho Federal de Segurança, cujos encontros e decisões se dão em bastidores.

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Pesquisas recentes mostram tendências do público alemão críticas a Israel. Um estudo divulgado nesta terça-feira (3) pelo Instituto Insa observou que 58% do público apoia a suspensão das remessas. Vinte e dois porcento divergem e uma amostra similar (19%) não soube ou não quis responder.

Especialistas, porém, denunciam as ações de Israel em Gaza como um holocausto, com cerca de 54.600 mortos em 600 dias — em maioria, mulheres e crianças, submetidos a fome em campos exponencialmente s à população deslocada.

Na segunda-feira (2), a Alemanha confirmou ter aprovado €485.1 milhões — US$554.3 milhões — em exportação de armas a Israel no contexto do genocídio em Gaza, entre outubro de 2023 e maio de 2025.

Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, emitiu mandados de prisão contra o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade cometidos em Gaza.

O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.

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