Uma campanha sem precedentes de incitação foi deflagrada apor apoiadores de Israel contra a ativista sueca Greta Thunberg, após ela confirmar sua participação na Flotilha da Liberdade, iniciativa para levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza.
Os ataques reforçam hostilidade às claras e mesmo declarações de dolo para crimes de guerra contra vozes internacionais que porventura apoiem os direitos palestinos.
O senador dos Estados Unidos Lindsey Graham, do partido republicano, do presidente Donald Trump, compartilhou um artigo sobre a presença de Thunberg com a legenda: “Espero que Greta e seus amigos saibam nadar”.
A declaração foi interpretada como ameaça, ao sugerir ataque militar de Israel contra a embarcação civil.
Arsen Ostrovsky, sionista australiano, chefe de um centro de lobby, chegou a descrever Thunberg como “pequena jihadista” nas redes sociais.
Para Thunberg, em comentário que indica racismo e ressalta ameaças claras à flotilha, Thunberg “quer chegar a Gaza em solidariedade ao Hamas [sic]; seria triste se alguma coisa acontecesse com a flotilha”.
Caitlin Johnstone, articulista Australiana, sumarizou o tom das acusações: “Quem é que poderia imaginar, alguns anos atrás, que apelos pelo assassinato de uma jovem figura global, conhecida por seu ativismo ambiental, seriam feitos abertamente, meramente porque ela escolheu apoiar a população de Gaza?”
Gaza permanece sob cerco militar israelense — sem comida, água ou medicamentos —, sob crime de genocídio e punição coletiva desde outubro de 2023.
Neste entremeio, figuras públicas e midiáticas recorreram reiteradamente a incitação, desumanização e propaganda de guerra contra palestinos e apoiadores, ao avalizar as declarações de dolo e racismo de lideranças israelenses.
Em Gaza, são cerca de 53 mil mortos e dois milhões de desabrigados em 600 dias, em maioria, mulheres e crianças.
O Estado israelense é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.
O Tribunal Penal Internacional (TPI) — corte-irmã, que julga indivíduos — emitiu, em novembro de 2024, mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e contra a humanidade cometidos em Gaza.