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Greta Thunberg sofre ameaças, incluindo senador dos EUA, por apoio a Gaza

4 de junho de 2025, às 14h53

Ativista sueca Greta Thunberg a bordo do navio Madleen, com assistência humanitária a Gaza, durante coletiva de imprensa em San Giovanni Li Cuti, na Catânia, na Itália, em 1º de junho de 2025 [Fabrizio Villa/Getty Images]

Uma campanha sem precedentes de incitação foi deflagrada apor apoiadores de Israel contra a ativista sueca Greta Thunberg, após ela confirmar sua participação na Flotilha da Liberdade, iniciativa para levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza.

Os ataques reforçam hostilidade às claras e mesmo declarações de dolo para crimes de guerra contra vozes internacionais que porventura apoiem os direitos palestinos.

O senador dos Estados Unidos Lindsey Graham, do partido republicano, do presidente Donald Trump, compartilhou um artigo sobre a presença de Thunberg com a legenda: “Espero que Greta e seus amigos saibam nadar”.

A declaração foi interpretada como ameaça, ao sugerir ataque militar de Israel contra a embarcação civil.

Arsen Ostrovsky, sionista australiano, chefe de um centro de lobby, chegou a descrever Thunberg como “pequena jihadista” nas redes sociais.

Para Thunberg, em comentário que indica racismo e ressalta ameaças claras à flotilha, Thunberg “quer chegar a Gaza em solidariedade ao Hamas [sic]; seria triste se alguma coisa acontecesse com a flotilha”.

Caitlin Johnstone, articulista Australiana, sumarizou o tom das acusações: “Quem é que poderia imaginar, alguns anos atrás, que apelos pelo assassinato de uma jovem figura global, conhecida por seu ativismo ambiental, seriam feitos abertamente, meramente porque ela escolheu apoiar a população de Gaza?”

Gaza permanece sob cerco militar israelense — sem comida, água ou medicamentos —, sob crime de genocídio e punição coletiva desde outubro de 2023.

Neste entremeio, figuras públicas e midiáticas recorreram reiteradamente a incitação, desumanização e propaganda de guerra contra palestinos e apoiadores, ao avalizar as declarações de dolo e racismo de lideranças israelenses.

Em Gaza, são cerca de 53 mil mortos e dois milhões de desabrigados em 600 dias, em maioria, mulheres e crianças.

O Estado israelense é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.

O Tribunal Penal Internacional (TPI) — corte-irmã, que julga indivíduos — emitiu, em novembro de 2024, mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e contra a humanidade cometidos em Gaza.