A Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla usual em inglês), uma iniciativa amplamente criticada entre EUA e Israel, acusada de facilitar a guerra genocida de Israel em Gaza, nomeou um cristão sionista evangélico, o Reverendo Johnnie Moore, aliado próximo de Donald Trump e Benjamin Netanyahu, como seu novo diretor executivo.
A nomeação de Moore ocorre após a abrupta renúncia de Jake Wood, ex-fuzileiro naval dos EUA e líder de ajuda humanitária, que deixou o cargo alegando a incapacidade do GHF de operar “ao mesmo tempo em que defende os princípios humanitários de humanidade, neutralidade, imparcialidade e independência”.
Em sua carta de renúncia, Wood alertou que o GHF não poderia “seguir rigorosamente os princípios humanitários” enquanto operasse sob as atuais restrições políticas e militares. Sua crítica foi ecoada por organizações humanitárias, que denunciaram o GHF como um aparato politicamente comprometido que possibilita a punição coletiva.
A ONU, a Human Rights Watch, a Oxfam e os Médicos Sem Fronteiras condenaram a iniciativa, alertando que ela facilita o controle de Israel sobre a distribuição de ajuda vital, ao mesmo tempo em que falha em proteger os civis. Os críticos descrevem a fundação como um “esquema de ajuda militarizada” que transforma corredores humanitários em zonas de violência e morte, em vez de refúgio, minando o direito internacional e transformando a fome em arma como ferramenta de guerra.
O Boston Consulting Group, anteriormente envolvido em logística, também teria se retirado do projeto, aprofundando ainda mais as dúvidas sobre a legitimidade da fundação.
Grupos de direitos humanos também denunciaram a iniciativa, alertando que ela criou armadilhas mortais para palestinos famintos. Dezenas foram mortas pelas forças israelenses enquanto tentavam chegar aos pontos de distribuição do GHF.
Apesar das crescentes evidências, Moore defendeu publicamente a narrativa de Israel, inclusive rejeitando relatos de um massacre perto de Rafah que matou 31 palestinos que buscavam ajuda. Ele difamou críticos, incluindo o pastor cristão palestino Rev. Munther Isaac, como “antissemitas”, e denunciou o mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional contra Netanyahu como um ato de “antissemitismo de colarinho branco”.
Moore, presidente do Congresso de Líderes Cristãos, tem laços de longa data com figuras da extrema direita americana e israelense, tendo servido duas vezes sob o presidente Trump e ajudado a coordenar a aliança evangélica com Netanyahu. Ele também é um defensor ferrenho do plano proposto por Trump para que os EUA assumam o controle de Gaza, uma agenda que equivale a limpeza étnica e ocupação colonial.
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Autoridades palestinas pediram uma investigação internacional sobre o GHF, citando relatos confiáveis de que a fundação está sendo istrada com o apoio de empreiteiros militares privados e sindicatos criminosos alinhados aos interesses israelenses. O governo suíço e ex-diplomatas também exigiram que a Suíça rompa todos os laços com o projeto, citando suas violações da neutralidade e do direito internacional humanitário.
À medida que a crise humanitária em Gaza se agrava — com condições de fome, deslocamento em massa e mais de 54.000 palestinos mortos — o GHF continua a operar impunemente. Sua recente nomeação apenas aprofunda os temores de que a ajuda esteja sendo transformada em arma como parte de uma estratégia mais ampla para limpar etnicamente a população palestina.