O Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) alertou nesta terça-feira (3) que aproximadamente 239 mil refugiados sudaneses permanecem presos na fronteira com o Chade, sob riscos climáticos e insegurança.
Em coletiva conduzida na fronteira, o coordenador nacional da agência, Dossou Patrice Ahouansou, reiterou que o número de chegadas no Chade aumentou substancialmente desde a nova escalada em Darfur do Norte no fim de abril.
“Quase 69 mil pessoas chegaram no Chade em pouco mais de um mês, uma média de 1.400 travessias por dia”, alertou Ahouansou. “Estes civis estão fugindo [do Sudão] sob fogo, checkpoints, extorsão e restrições impostas por grupos armados”.
Conforme Ahouansou, quase 72% dos refugiados recentemente abordados pela Acnur reportaram sérias violações de direitos humanos, como violência física e sexual, prisões arbitrárias e recrutamento forçado.
Sessenta porcento disseram ter sido separados de suas famílias.
O Sudão continua em guerra civil desde abril de 2023, com mais de 844 mil refugiados no Chade, país que já abriga 409 mil sudaneses deslocados por conflitos prévios desde 2003, segundo a Acnur.
A agência notou ainda que quatro milhões de pessoas deixaram o Sudão aos territórios vizinhos desde o começo do conflito, representando um “ponto de inflexão catastrófico na maior crise de deslocamento do mundo”.